quarta-feira, 18 de março de 2009

Ainda as crianças...

Por estes dias, várias foram as tragédias que foram sendo notícia, tendo como elemento comum: "as crianças":


28 de Fevereiro – Um menino de três anos foi salvo por uma vizinha de cair de um 3.º andar, em Santarém.

2 de Março – Uma menina de três anos caiu de uma varanda, de uma altura de dois metros, em Baião. Sofreu um traumatismo craniano.

12 de Março – Um bebé de nove meses ficou esquecido pelo pai dentro do carro, em Aveiro, e morreu.

12 de Março – Luís Carlos, de 15 anos, morreu afogado no rio Vouga, em Albergaria-a-Velha.

15 de Março – Diogo Sabrosa, de quatro anos, foi arrastado por uma onda e desapareceu no mar da praia da Lavra, Matosinhos.

15 de Março – Dois irmãos, de seis anos e três anos, ficaram gravemente feridos depois de terem destravado o carro onde estavam.

15 de Março – Um menino de 29 meses morreu afogado num poço.

16 de Março – Um bebé de 19 meses caiu da janela de um 5.º andar, em Felgueiras.

16 de Março – Uma menina de16 meses foi atropelada acidentalmente pelo pai, na garagem.

Dos muitos pensamentos que me ocorrem sobre estas situações, saliento dois, que na minha mente se sobrepõe aos demais: um pelo seu carácter universal na actualidade e o segundo pela minha forma de estar na vida.

Pensamento 1

Refiro-me ao pai que "se esqueceu fatidicamente do filho". Defini-o como algo de carácter universal, pois apesar de uns mais outros menos, todos acabamos por condenar o triste comportamento, de alguém cuja pirâmide de Maslow terá por estes dias sofrido uma metamorfose que a deixou tipo Casa da Música do Porto, em nada parecida com as de Gizé, contudo se calhar compreendendo, (não aceitando) como tal foi possível.

Não é apenas nos mercados bolsistas que encontramos pessoas desesperadas, pela pressão de perderem tudo que já tiveram. Também cá fora, neste mercado de bens e serviços global em que vivemos, cada vez mais assistimos a um pressionar, que nos coloca muito perto dos nossos limites, ou pelo menos dos racionais. É nesta selva em que vivemos, que as empresas que outrora possibilitavam carreiras ascendentes, hoje nos permitem certamente apenas doces experiências limitadas no tempo, e este cada vez menor, mais parecido com pequenos projectos que valem enquanto duram. Daí a assistirmos a situações anómalas como a noticiada vai apenas uma distância curta que diminui na proporção inversa da variação da pressão exercida sobre os vulgarmente chamados trabalhadores.

Senão pensemos: -Que tipo de reunião tinha aquele pai pela frente, capaz de o distrair ao ponto de esquecer o filho, tanto mais que conforme testemunhado por vários conhecidos, ele era um progenitor muito dedicado?

Provavelmente está na hora de repensarmos, no que temos recebido em troca da nossa dedicação ao emprego? Será assim tão compensador? Se calhar empresas que apesar de não darem um carro novo aos seus empregados, ou um ordenado acima da média, continuam a compensar com coisas simples como: uma biblioteca para os funcionários, uma festa de natal para os filhos destes, um dia de folga no aniversário, etc. fazemlembrar que mais importante que o quantitativo é o retorno qualitativo.


Pensamento 2

À primeira notícia reagi com um arrepio, à segunda com um nó no coração, à terceira, com uma total perplexidade, às seguintes: com variados sentimentos, que ao se acumularem, indubitavelmente me levam ao lugar comum: -e se fosse com os meus filhos?
A amostra de cidadão mais frequente, rapidamente faz soar a palavra negligência, essa mesma que facilmente se aplica aos outros mas que a nós passa sempre ao lado, é por este dias a mais utilizada por quem se atreve a comentar tais infortúnios.
Se calhar porque já sou pai, só me ocorre que a não ser a bondade, a graça, ou simplesmente a protecção divina, e qualquer desses episódios poderá ter como sujeitos a mim e àqueles a que chamo: "meus". É tão fácil como ser criança. Por pensar deste modo é que diariamente encomendo-me a mim e aos meus, aos cuidados de Deus que para além de ter todo o poder, tem também o Saber, e como tal conhece o que é melhor para nós.


Deuteronômio 7:9
Saberás, pois, que o SENHOR teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos.

sábado, 7 de março de 2009

Da boca das crianças...

Hoje enquanto jantava em família, o meu primogénito, atirou-me com a pergunta: "Pai o que é o caso Freeport?"

Olhei-o de soslaio para verificar se estava a olhar para algum jornal ou revista, mas não. Terá certamente escutado num qualquer jornal televisivo, obrigo-me a deduzir.

Mas a pergunta lá estava, os seus olhos piscavam enquanto me observava e depreendo que me estaria a medir. -Será que o velhote se safa?

Atrevo-me a explicar que há para aí uns "tipos" que se lembraram de acusar um provavelmente inocente engenheiro, que por acaso até é primeiro ministro de ter estado envolvido numa qualquer manobra menos clara.

Trocando a coisa por miúdos lá acabei por usar uma palavra mais familiar: "Batota". Naturalmente não quis parecer incómodo ao explicar que nada se provou ainda e por isso provavelmente trata-se de um equívoco.

O problema é que este mesmo interlocutor que recentemente viu chegar tardiamente um prometido "Magalhães" sempre terá imaginado que esse tal senhor, certamente terá qualquer coisa em comum com o colega lá da turma que ocasionalmente aparece com um qualquer brinquedo demasiado parecido com um desaparecido nas redondezas.
-Exacto! O sobrenome não é o mesmo mas a familiaridade é notória.

Quiçá esse engenheiro também acabará um dia como o seu homónimo ateniense, homem piedoso executado por impiedade conforme os diálogos de Platão o retratam.

De uma maneira ou de outra, são estas pequenas pedras - actos, com que se vai construindo esse edifício a que chamamos vida, que formam não só a nossa imagem mas acima de tudo a imagem que os outros têm de nós.

Ao meu filhote tentei explicar que, mais cedo ou mais tarde tudo vem ao de cima:
- o bem, o mal, e o dúbio!

Um abraço!
Ambrosius

quarta-feira, 4 de março de 2009

A necessidade aguça o engenho...

Se é apenas por necessidade ou pela graça de fazer bem, algo que os outros não conseguem, o importante tal como o video ilustra, é que quando estamos em necessidade, tendencialmente somos levados a ir mais longe, experimentar diferente, na expectativa de fazer o melhor.

Esta é a situação a que chamamos oportunidade, ou seja: o comportamento certo no momento exacto.

A possibilidade de fazer melhor, é algo que sempre possuímos, mas como diz o título desta crónica, normalmente só em situação de privação, ainda que relativa, o conseguimos.

Se houvessem duas guitarras, não passaria de um simples dueto - mas só com uma, passa a ser algo artísticamente belo.

Da mesma forma, julgo que os dias de crise que se vislumbram, serão certamente uma alavanca para nos fazer melhorar. Como diz alguem ligado à gerência da empresa em que trabalho: "os espertos singram na vida, e na crise enriquecem!

Vamos fazer da necessidade algo de produtivo!